domingo, 24 de novembro de 2013

A Tua

Fluxo aberto do sangue que lhe escorre.
Justo afeto, mas que se encolhe e morre
Enquanto os honestos, da vida, correm
E os mantos de concreto desespero
Que cobrem os devedores da verdade,
Os quais de fato pulam por cidades,
Até jamais se importarem com a idade
De seus ideais e de ideologias,
Tentam mostrar consigo sempre o esmero
Até destruída sua própria magia.

Vida reta caída ao triste abuso.
Sabedoria antiga, já ao desuso,
Transformando vidas que tudo sabem
Até que suas internas fontes se
Derem por vencidas e acabem, sim
Até chegar a nova chama, enfim
Chamando aos nossos serafins, contentes
Participando enfim da nossa gente
Descendendo de seus astros, carentes
Absorvendo as ideias latentes.

Pois são somente os anjos que iluminam,
Mostram o caminho de nossa mente,
Semeiam a real sabedoria...
Partindo do nada, nossos céus criam.
Pífio nada estes terráqueos sabiam
Sobre a estrada por onde os anjos vinham
Sobre a jornada a eles incumbida
Ou sobre os fins que justificariam
Os meios que tais céus percorreriam
Para atingir tais fins que tanto queriam.

E, então, bem-vindos são os serafins
Pois a eles olhamos daqui de baixo,
O que nos faz um tanto cabisbaixos,
Pensar no impossível divino humano
E nos risíveis pensares e planos...
Mas, assim, aqueles abençoados
Encontram-se livres para poderem
Vagar aos países e, assim, saberem
Como raios é que eles iriam
Salvar aos homens como eles queriam.

E ainda haviam os homens contrários
Aos céus e à vida após o horário
Absoluto do óbito de sua
Carne humana, crua, nua, sozinha.
E estes tais céticos então seriam
Revolucionários do pensamento,
Então a esquecer completamente
Daquilo que criara suas mentes,
Carregando a triste incumbência então
De negar à terra a sua salvação.

Terra que sangra c'os anjos caídos,
Mortos por seus humanos tão queridos.
Sorte, aos celestes, não veio sorrindo,
E sim a tal peste tão recorrente
Que impede o bem de plantar sua semente.
Não cede, sequer pede, impõe somente,
E a sede de força e poder não cessa.
Não há nada que suas espadas impeça.
Dizendo saber ser o ser perfeito,
Cito o imperfeito, cito a nossa gente.

Que ousa as armas então levantar
Contra os querubins que vieram amar,
Porta seus livros e queima o esotérico.
(Ignora ainda os poemas homéricos!,
Que diziam sobre deuses e homens
Que nunca passavam ou sede ou fome.
E se veneravam, sem tal carência
Escrita nos autos monoteístas,
Então interpretados pelos artistas
Que tentam entender, dos Livros, a essência)

E ainda após aquela era sem dono,
Onde nenhum deus abençoava o sono
Dos justos, dos ruins, ou ricos mordomos
Do mestre que então regia suas vontades.
Tomava conta de filhos, cidades.
O valor de uma vida, enfim marcado.
Não há deus com sua imposição suprema!
Levava ao canto de hinos e lemas,
Trazia consigo necessidades.
Era o poder do dinheiro dourado.

Desesperado, parece covarde
Aquele que nega, do ouro, o fantasma
E tenta solucionar o problema
Da guerra e fome trazidas à luz
Pelo que deveria curar todos.
E, de súbito, sem qualquer alarde,
O homem traído, morrendo de asma,
C'o último respirar, monta sua cena.
Reduz essas mágoas como alcaçuz,
Alcança o divino e esquece seu engodo.

Sai do lodo e então é enfim perdoado.
"Um humano chegará ao reino céu!
Após renegar o peso do papel
Que fez a todos de tolos, rasgados
Pela sede que tinham de entender!
Mas eis que aquele que não se rendeu
(Com certeza não trato a mim ou vós)
Falará co'a suprema divindade.
E pedirá, suplicará! (Verdade...)
Para que eles salvem a todos nós!"

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